Trincheiras
Chamamos de ''Guerra de Trincheiras" a segunda fase (1915-1917) da Primeira Guerra Mundial, caracterizada por ser a mais mortífera, e pela adoção de táticas no campo de batalha que mudaram o rumo do conflito e se eternizaram no imaginário da guerra. Recebeu esse nome pois os exércitos da Frente Ocidental se protegiam em extensas linhas de trincheiras.
Recebe o nome de trincheira a construção subterrânea com fins militares destinada à defesa e ataque, de profundidade suficiente para abrigar um soldado em pé. Eram utilizadas como ''muralhas'' para a proteção das tropas e avanço no domínio territorial durante os conflitos da Primeira Guerra.
CARACTERÍSTICAS:
Uma trincheira típica tinha pouco
mais de 2 m de profundidade e cerca de 1,80 m de largura. À frente e atrás,
largas fileiras de sacos de areia, com quase 1 m de altura, aumentavam a
proteção. Havia ainda um degrau de tiro, 0,5 m acima do chão.
Os “banheiros” eram latrinas:
buracos no chão com 1,5 m de profundidade. Quando estavam quase preenchidas,
eram cobertas com terra e escavavam-se novos buracos – trabalho feito em geral
por soldados que levavam alguma punição.
Boa parte delas foram feitas em
regiões abaixo do nível do mar, onde qualquer buraco fazia jorrar água. A chuva
constante piorava a situação, criando uma camada de água enlameada no chão das
trincheiras. Para evitar esse barro todo, pranchas de madeira eram colocadas a
alguns centímetros do solo.
Proteção barata e eficiente, os
sacos de areia eram capazes de barrar os tiros inimigos. As balas dos fuzis da
época só penetravam cerca de 40 cm neles. Eram tão úteis que cada soldado
sempre carregava dois sacos vazios, que podia encher rapidamente para se
proteger.
A linha de frente para o inimigo
não era a única trincheira. Havia outras linhas na retaguarda, interligadas por
caminhos escavados na terra. Esses caminhos levavam também a abrigos usados
como hospitais, postos de comando ou depósitos. Escorados por madeira, eram
abrigos subterrâneos e não a céu aberto como as trincheiras
A maior parte da comida era
enlatada. A ração diária do exército só dava direito a um pedaço de pão, alguns
biscoitos, 200 g de legumes e 200 g de carne. Para reabastecer o cantil com
água, muitos soldados recorriam a poças deixadas pela chuva.
LOCALIZAÇÕES:
Conhecido como Frente Ocidental,
o cenário onde as trincheiras ficaram famosas na Primeira Guerra estendia-se
por cerca de mil quilômetros, indo do litoral do mar do Norte até a fronteira
da Suíça. Por toda essa extensão ficavam, frente a frente, as linhas de
trincheiras dos alemães e dos Aliados.
DURANTE AS BATALHAS:
Na maior parte do tempo não havia
ofensivas contra as trincheiras. Era uma guerra de espera, mas ainda assim
muito perigosa. Atiradores passavam o dia de olho no vacilo de algum soldado
que erguesse a cabeça pra fora do buraco. Especialistas em mineração tentavam
fazer túneis até a linha inimiga para explodir as trincheiras por baixo!
O “fogo amigo” provocou grandes
baixas. Na confusão que rolava durante uma ofensiva, os soldados podiam ser
atingidos por metralhadoras de suas próprias trincheiras, sendo mortos pela
própria artilharia.
Para conquistar uma trincheira
inimiga era preciso atravessar a terra de ninguém, o espaço entre as duas
linhas que se enfrentavam. A distância entre as linhas variava de 100 m a 1 km.
No ataque, os soldados corriam em ziguezague para tentar escapar dos tiros
No caminho até a trincheira
inimiga, era preciso driblar rolos de arame farpado com até 2 m de altura – e
debaixo de muitos tiros.
Os soldados que avançavam contra
a linha inimiga tinham apoio da artilharia. As baterias de canhões ficavam na
retaguarda – cerca de 10 km atrás das linhas de frente – e disparavam pouco
antes da ofensiva da tropa. Como a comunicação era precária, nem sempre a
sincronia era perfeita. Às vezes bombas caíam sobre a própria tropa.
A mais poderosa arma para barrar
os ataques eram as casamatas com metralhadoras, causavam tantas baixas que seus
ocupantes eram os soldados mais odiados: um metralhador capturado geralmente
era executado no ato.
DOENÇAS:
Corpos em decomposição,
enterrados em covas rasas perto das trincheiras, atraíam ratos, que
proliferavam sem controle. Além de transmitir doenças, eles chegavam a roubar
comida do bolso dos soldados e a roer o corpo dos feridos! Na total falta de
higiene, piolhos e ratos disseminavam as caóticas condições.
A deficiente ou nula higiene
bucal contribuía para o desenvolvimento de infecções, assim como o stress
físico e/ou emocional a que estavam sujeitos. A dieta reduzida e carente bem
como as poucas horas de sono davam também o seu contributo.
Com todos esses fatores as
doenças se proliferavam de maneira muito rápida ocasionando a morte de muitos
soldados. Durante a primeira guerra eram comum: pé de trincheira, febre de
trincheiras, doença das trincheiras (também conhecida por gengivite), gripe
espanhola, etc.
Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/historia/como-foi-a-luta-de-trincheiras-na-primeira-guerra-mundial/
Isadora de Moura Rodrigues, Laura Berwanger e Mariana Luisa de Souza Kurtz.