Lembranças esquecidas


A primeira grande guerra surgiu numa Europa que antes era de despreocupação e euforia a época da “Belle Époque” com grandes desenvolvimentos na indústria, na economia e o começo dos cinemas. Então o que fez com que países europeus que se encontram em paz entrassem em desavenças? 
Em 1880 no meio da “Belle Époque” inicia-se a chamada Paz Armada que foi uma grande produção e acumulação bélica, por dois motivos primeiro os países estavam com medo de que houvesse a conquista de suas terras por meio de outros países, segundo o estado comprava armamentos de suas industrias para que não entrassem em falência e a economia despencasse. 
A região dos Bálcãs era muito cobiçada pelos países europeus em vista dos recursos naturais presentes que eram muito procurados e utilizados pelas indústrias, uma tenção é gerada pela disputa territorial e uma rivalidade se institui na Europa junto de crises políticas, o nacionalismo e o imperialismo realizado na África e na Ásia. 
A tríplice aliança formada pela Alemanha, o Império Austro-húngaro e a Itália e a tríplice entente composta pela Rússia, França e Inglaterra surgem e a guerra já é temida. Mas foi no dia 28 de junho de 1914 que o barril de pólvora da guerra é acendido, neste dia o herdeiro do trono austríaco Franz Ferdinand faz uma visita a Sarajevo nos Bálcãs (uma província dominada pela Áustria) e é morto pelo nacionalista bósnio Gavrillo Princip que não aceitava o domínio da Áustria sobre seu país. 
Um mês depois a Áustria declara guerra a Sérvia culpando-a pela morde Franz Ferdinand visando o completo domínio da região dos Bálcãs. A guerra envolveu diversos países de 1914 a 1918 com derrota da Alemanha assim obrigada a assinar o Tratado de Versalhes aonde devia pagar indenizações há tríplice entente, não poderia ter exército e deveria devolver os territórios de Alsácia e Lorena. 
Através de relatos narrados por meu tio avô Evaldo pude compreender um pouco da história da minha família e conhecer histórias que seriam perdidas com o passar dos anos, tanto que muitas já foram perdidas pois alguns pais ou avos não quiseram contar histórias de guerra aos seus descendentes. 
Meu bisavô Gustavo morava na Alemanha em um povoado perto da Polônia e, de acordo com relatos, a sua família era obrigada a fugir com apenas uma carroça e se esconder em florestas quando o exército polonês vinha na primeira guerra mundial. 
Gustavo não serviu como soldado pois não tinha idade suficiente, portanto ele foi solicitado pelo governo alemão para trabalhar no reparo das vias férreas que foram destruídas com o avanço da guerra. 
 Conta meu tio avô que uma vez quando várias famílias inclusive de meu bisavô estavam reunidas em um domingo para uma celebração religiosa um soldado polonês avistou duas moças alemãs retirando água de uma vertente e tentou cometer abusos sexuais mas as mulheres resistiram e o soldado foi ao encontro de seus companheiros contando que dezesseis homens alemães o atacaram então os poloneses foram até os alemães  reuniram os homens em uma fila e o soldado que declarou-se atacado por alemães escolheu os dezesseis homens mais fortes e estes foram novamente enfileirados e por terem supostamente tentado matar um polonês foram mortos  pisoteados por cavalos treinados e chicoteados por soiteiras. Gustavo não entrou na fila pois se escondeu dentro de uma carroça e se cobriu. 
Como se pode observar a guerra deixava as pessoas insensíveis e cruéis, nas batalhas se você não matasse o inimigo ele o mataria, este impacto de consciência é muito bem observado do filme produzido por Brad Pitt Corações de Ferro que retrata o final da segunda guerra mundial. 
Gustavo sabia que seria chamado para a batalha na segunda guerra mundial então pouco antes da guerra estourar ele e a mulher fugiram para o Brasil através de um navio aonde meus outros bisavós também se encontravam. 
Seu irmão Frederico, que também morava na Alemanha, perdeu sua esposa, um filho e uma filha devido a um bombardeio na segunda guerra mundial, então ele e suas três filhas, que haviam sobrevivido, foram morar na Rússia, Frederico casou-se novamente e suas filhas casaram com oficiais russos, eles ganharam casa e animais para se sustentar, mas o governo obrigava que entregassem mais que 50% da produção e se entregassem menos do que o pedido ficariam devendo trabalho ao governo. 
Frederico foi um dia reclamar para seu genro que era oficial do exército alegando que estava insatisfeito com a pequena porcentagem de ganho do que produzia, mas o genro não o ajudou ao contrario vociferou que ele devia trabalhar aos domingos apesar de suas crenças religiosas. Ele nem voltou para sua casa depois do ocorrido apenas escreveu uma carta a seus amigos para avisarem sua esposa e fugiu com muita dificuldade para a Alemanha, ao chegar mandou novamente uma carta a sua mulher pedindo que viesse para a Alemanha. Dizem que soldados vieram em sua casa no dia que fugiu procurando-o com o objetivo de prendê-lo e obriga-lo a trabalhar. 
Edmund era um dos irmãos que continuou a morar na Alemanha enquanto Gustavo estava no Brasil, anos depois Edmund através de um anuncio de jornal conseguiu localizar aonde estava Gustavo vindo a visitá-lo por três vezes. Atualmente dos dez filhos que Gustavo teve apenas Evaldo ainda vive com a idade de oitenta e três anos. 


Escrito por Camilla Schulz 

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