Quadrinhos durante a Segunda Guerra Mundial


       2 anos depois do início da 2ª Guerra Mundial, no ano de 1941, aeronaves japonesas atacam o coração da frota do pacífico da marinha dos EUA, a base norte-americana de Pearl Harbor. Esse acontecimento foi o pretexto para que os, até então neutros, EUA declarasse guerra ao Japão e as outras potências do Eixo, logo entrando oficialmente na guerra.



       Porém segundo os quadrinhos, os americanos já estavam lutando a meses antes do ataque a Pearl Harbor, sendo apoiados pelos seus super-heróis patriotas, que aniquilavam e ridicularizavam as tropas e os ditadores do Eixo. Um grande exemplo desse América. Os quadrinhos do Capitão América, um dos primeiros à serem publicados e um dos inspiradores de vários outros que viriam mais tarde, contava a história de Steve Rogers, um jovem frágil que queria se alistar no exército, porém devido às suas condições físicas, inicialmente foi rejeitado até que se ofereceu para um experimento do governo, que consistia em dar o soro do “ super soldado” que nunca havia sido testado antes.
       Esse soro cumpriu o seu propósito levando o corpo de Rogers ao auge da perfeição humana, dando a ele a chance de lutar ao lado dos aliados na guerra. Usando um uniforme com a arte da bandeira americana e um escudo, que para ele era uma arma, Rogers passa a lutar contra os nazistas com o seu mais novo codinome, Capitão América. Mas essa é a hora em que você se questiona e pergunta: mas quem é o inimigo, o super-vilão desse quadrinho? O supervilão e arqui inimigo do Capitão América é o nazista, Johann Shimidt, mais conhecido como Caveira Vermelha.
       Caveira Vermelha foi especialmente treinado por Hitler, e ao final de seu treinamento ganhou uma máscara vermelha em formato de caveira, e seu codinome que seria a prova de sua supremacia nazista. Então após várias vitórias em campos nazistas, ele vai para os EUA e encontra o seu novo inimigo.Mas à uma curiosidade nessa história.Você já deve ter ouvido falar da raça Ariana, a raça nórdica, que Hitler julgava ser a raça que dominaria todas as raças.
       Essa raça tinha como características os olhos azuis, o cabelo loiro e principalmente o corpo em seu auge da perfeição, ou seja, o Capitão América. Sim, o Capitão América correspondia a tudo o que Hitler desejava para o seu povo, diferentemente dele e do Caveira Vermelha. Mas por que os quadrinhos estavam defendendo essa causa, apesar da maioria do povo americano apoiar a neutralidade na guerra?
       Para responder isso é bem simples, temos dois fatores importantes, o primeiro é que os nazistas davam ótimos vilões, logo davam mais lucro para o quadrinho. O segundo fator é o principal motivo desses quadrinhos terem existido, esse fator é que a maioria dos roteiristas eram judeus, exatamente, a raça que Hitler afirmava ser a inferior a todas as raças, logo sendo caçada e massacrada pelos nazistas.
      Mas além dos quadrinhos do Capitão América surgiram em 1939 os quadrinhos do Príncipe Submarino e o Tocha Humana, que refletiam o sistema político da época. Mesmo que água e fogo não combinam, esses dois aliaram-se diversas vezes para combater ataques de alemães e japoneses. Nessas lutas era muito comum que o Capitão América e seu ajudante, Buck se aliarem a eles para combater seus inimigos. Essas histórias refletem duas coisas muito importantes a serem vistas.
       Dois medos americanos, que eram vistos na população americana em geral. Primeiro o medo de que os Alemães e os Japoneses enviassem tropas para combaterem juntas, o que não aconteceu, mesmo que os dois fossem aliados. E segundo o medo de uma invasão dos japoneses e alemães aos EUA, o que também não aconteceu, por causa da falta de recursos para fazer esse ataque.
      Pode-se ressaltar que esse medo também foi “aderido” pelo Brasil após ataques a alguns de seus navios por submarinos alemães. Outro aspecto da guerra muito presente nos quadrinhos da época foi o racismo, que era presente tanto no lado do Eixo, que em sua maioria era com os judeus, quanto no lado dos aliados, que eram muito bem vistos em quadrinhos que tinham japoneses, que eram representados como anões monstruosos.
       Uma coisa boa de se questionar é por que a tantos poucos exemplares desses quadrinhos nos dias de hoje? Também é bem simples explicar isso. Não há tantos exemplares desses quadrinhos porque na época o governo americano pediu para que, após os leitores lerem os quadrinhos, para jogarem fora os mesmos, para serem reciclados, porque em tempo de guerra, ”papel é dinheiro”. Então aqui vai uma dica para você. Se você tiver algum quadrinho desses em bom estado, você pode vendê-lo por um bom preço, ou até por uma fortuna, podendo chegar até quantias superiores à 25 MIL dólares!
      Uma última pergunta para você se questionar. Com tantos aliados com super-poderes, pra que bombas nucleares? Brincadeiras a parte, a maioria dos quadrinhos daquela época levaram ao povo americano aventuras e os esforços de muitos Super-Heróis na guerra, assim levando muitos desses leitores a se alistarem no exército para defenderem a moral e o povo americano. Mas já que não teria graça acabar com a guerra em 5 segundos, os roteiristas tinham de inventar várias desculpas para não aniquilar as tropas do Eixo.
       E uma dessas desculpas era de que os Heróis precisavam do povo para que pudessem vencer essa guerra, convenhamos que foi uma ótima jogada de marketing. Mas já que os Super Heróis não existiram realmente, os soldados, os jovens, as mulheres, o povo americano em si, se juntou para derrotar todo e qualquer desafio que viria.



Fonte: VILELA; Tulio, Como usar as histórias em quadrinhos em sala de aula,
editora Contexto, 2004.

Leonardo Menin

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